quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não terminar



     Pensando um pouco sobre hábitos, percebi que às vezes não termino o que começo.  Não é que eu não queira concluir as coisas, mas começo muitas coisas e tem vezes em que não dá tempo. E, não dando tempo, não vai dando mais vontade.
     E isso parece ser mais comum do que eu pensava. Vontades, sonhos, projetos, objetivos, deixados de lado ou deixados para depois. Pessoas que adiam o aprendizado do que sempre sonharam, deixam para outra hora aquele curso ou aquela atividade legal. Pessoas que deixam para ano que vem e depois o outro e depois mais outro um planejamento concreto para trocar de emprego, indo para outro que seja mais satisfatório. Ou que vão se esquecendo do que seu coração pede em meio a suas rotinas. E, por vezes, essas pessoas se lembram, pensam em tomar uma atitude, mas acabam não o fazendo. Ou até dão um pequeno passo, mas só um. E se esquecem do que estavam fazendo de novo.
     E isso acontece não só em grandes projetos, vontades e decisões. Vemos isso também naquela arte, artesanato ou carpintaria que alguém começa e não termina. Naquele texto que ficou escrito pela metade. Naquela pilha de coisas para serem lidas, que nunca são e só continuam a existir ali, em forma de coisas a serem lidas. Ou naquela redecoração da casa, que fica só na mente. Ou até é iniciada, mas fica sempre com um pedacinho por fazer deixado para depois.
   Será que é excesso de coisas? Talvez valha mais a pena começar menos coisas e realmente terminá-las, com dedicação e empenho, do que começar muitas coisas e nunca terminá-las.  Ter menos acaba sendo melhor (ter em sentido de ter contato com). E, acho que isso realmente acaba nos proporcionando fazer o que queremos de uma melhor forma.
     Sabe aquilo de se dedicar ao presente? Então... Escolher algo e realmente se dedicar a isso. Porque assim, pelo menos existe uma coisa bem feita e não muitas coisas a fazer, que provavelmente nunca serão feitas e ficarão como ficam objetos acumulados em nossas casas, só que em nossas mentes.
    Além do mais, ter coisas “interminadas” dá a sensação de que estamos empacados e realmente pode causar a sensação de estagnação na vida. Podemos nos sentir sobrecarregados, porque temos inúmeras atividades e projetos e percebemos que não estamos conseguindo dar conta de tudo.
     É válido começar algo e depois, caso perceba que não quer realmente fazer aquilo, simplesmente deixar de lado. Porque estamos aqui para testar as coisas, para descobrirmos do que gostamos mais, do que gostamos menos. E dar passos para realizar coisas é um modo de descobrir. Mas, aí é que temos que prestar atenção. Temos que ter a coragem de abandonar o que não está mais dando certo, para que surja espaço para coisas que realmente podem funcionar. Ou, então, temos que parar de ter preguiça e aumentarmos nossa dedicação ao que dá certo, para que possamos dar um passo efetivo em direção às coisas que realmente buscamos em nossa essência.

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