quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O que vemos não é o que parece. Não sabemos sobre os mistérios da vida, mas tudo bem. Temos dentro de nós a felicidade.

     Não sei se é coincidência, um sinal do Universo, ou algo que meu subconsciente me fez buscar, mas, ultimamente, acabei me deparando muito com textos sobre o que seria o mais importante da vida, o que existe de mais profundo, sobre pensar nos mistérios da vida, sobre como viver melhor e priorizar o que realmente deve ser priorizado.
     Não podemos negar que tudo o que está ao nosso redor é muito misterioso. Não sabemos exatamente de onde as coisas vieram e para onde elas vão. Não pensamos em como tudo é muito, muito grande e em como somos muito, muito pequenos e muito ligados ao todo e em como, ao mesmo tempo, cada coisa é tão única e especial e em qual a explicação para esse fato tão magnífico ser assim.
     Mas, apesar de termos uma vida grandiosa e misteriosa, um Universo em que a própria vida parece um milagre e em que cada momentinho deveria ser tratado como o mais precioso de todos (já que é, na verdade, o único que existe - link para post), percebemos uma estrutura que parece querer nos fazer esquecer isso e nos sentirmos diferentes. E, às vezes, essa estrutura consegue.
     Se pensarmos, não sei se de propósito ou como consequência de como as coisas foram fluindo antes de estarmos no presente momento, podemos, em algum ponto, pensar: “poxa, não é que parece que a sociedade é estruturada de maneira a nos fazer dar importância a coisas que não são a base da vida?”. E isso acontece justamente de forma a manter a própria estrutura da sociedade.
     Podemos perceber isso quando gastamos dinheiro em coisas desnecessárias ou que não nos proporcionam felicidade duradoura para sustentar parâmetros colocados pela própria sociedade. Podemos colocar mais ou menos assim: algo é padrão, encaixa-se o que existe no padrão, cria-se um novo padrão, encaixa-se o resto no padrão, muda-se o padrão, tudo deve seguir o padrão e ficamos presos nisso, a cada passo que damos em direção a nos encaixarmos, nos sentimos mais desencaixados. Não porque fomos falhos em mudar o que nos fizeram acreditar que tínhamos que mudar, mas porque a cada passo que damos, queremos mais estar corretos e cada detalhe é percebido como errado. E o padrão vai sendo mudado também, exigindo constantes enquadramentos. Aparências, comportamentos. Só que isso nem sempre (quer dizer, na maioria das vezes) não bate com o que vem da alma de cada um.
     E além da pessoa que cai nisso não levar em conta sua alma somente para se enquadrar, ela acaba apresentando comportamentos de auto-afirmação, sem levar em conta o todo. Não seria mais legal sermos legais conosco e ao mesmo tempo não prejudicarmos o outro (e, se possível, até beneficiar o outro também)?
     Podemos ser atingidos pela pressão do que o padrão espera de nós quando estamos exaustos por trabalhar muito em algo que não gostamos realmente e por essa sensação de estar contra nossa própria natureza ao sermos acordados pelo despertador e sermos obrigados a fazer as mesmas coisas e sair de casa e ter mais um dia como o outro sem ao menos saber muito bem o porquê.
     E você está exausto de ter feito tanto dessas coisas e tudo que queria era um pouco de descanso, diversão e experiências enriquecedoras, mas se vê preso a hábitos que servem para pagar o que você sente que precisa e você faz mais e mais do que não quer. E acaba passando a maior parte do tempo com pessoas chatas ou que não tem nada a ver com você, só porque faz parte do pacote, em vez de passar tempo com quem realmente importa.
     Muitos desses comportamentos nos expõem ainda mais às exigências da sociedade, o que faz com que cada pequeno gesto contribua para um efeito maior: a retirada de todos os recursos que vão aparecendo pela frente, sem a preocupação com as consequências. Como se as consequências fossem longínquas ou algo que não tem muita possibilidade de acontecer. Ou, com um pouco de egoísmo, pessoas pensam que as consequências ficarão só para os que virão depois. Mesmo que assim fosse, é nossa obrigação preservar o que existe e o que nos é concedido. Mas as consequências já estão aí.
     A Terra está enfraquecendo, estamos com problemas em diversas esferas (água acabando, temperatura desregulada, violência que não muda, falta de respeito às diferentes formas de vida na Terra). Tudo por ganância, para uma pequena parcela parecer bonitinha e satisfazer caprichos. Sendo que na maioria das vezes, a satisfação de caprichos pode nem trazer felicidade para esses que estão brigando para ver quem tem mais. A Felicidade Verdadeira não tem origem em violência e em satisfação superficial do ego, em prejudicar o outro. A Felicidade Verdadeira vem do Amor.
     E as pessoas continuam a se comportar dessa forma mesmo enxergando as consequências, comprando a idéia de que se pode comprar a evolução verdadeira em suas vidas, mas sem perceber que isso, no fim das contas, não leva a nada. Você deve aproveitar a sua vida e as coisas mundanas, elas existem e são legais, mas e o resto? E o que realmente te fará feliz? Qual o antídoto para toda a loucura do mundo?
     Devemos dar importância ao que realmente importa e pensar no Todo que existe ao redor de cada um, devemos pensar que somos parte do Universo e fazemos parte dessa energia. Somos uma manifestação dela. Temos a felicidade dentro de nós e nossa felicidade pode fazer o Todo mais feliz.
     O que isso tem a ver com os mistérios da vida? É que nunca teremos as respostas sobre o Universo, mas podemos tentar fazer o que está ao nosso alcance para modificar essas incongruências que enxergamos, diminuir a distância do que sentimos no fundo da alma ser importante e o que a sociedade diz ser importante, para a vida ser mais produtiva no sentido de fazer mais sentido. Podemos diminuir um pouco a importância que damos às coisas não importantes, às coisas superficiais.
     E talvez o caminho não seja mais bater de frente com tudo o que enxergamos de errado, como há muito se tem visto. Existem coisas que devem sim ser enfrentadas, mas tem coisas que só ficam mais fortes na medida em que damos mais atenção para elas. Para transformar o mundo, podemos começar dando o exemplo de como achamos que tudo poderia ficar melhor. Reclamar do outro e apontar o dedo na cara pode não ajudar muito. Mas mostrar seu lado bom e legal pode fazer o outro pensar e querer fazer igual. E também podemos aprender a doar um pouco, não só tomar, tomar e tomar. O relacionamento com o mundo é uma via de mão dupla.
     Talvez o caminho seja adquirir e melhorar a habilidade na percepção do que faz bem para si mesmo e para os outros, e, consequentemente, desenvolver comportamento enriquecedor de felicidade. Não sabemos sobre os mistérios do Universo, mas sabemos como agir para organizarmos o que conhecemos para que todos possam aproveitar da melhor forma.

Observação sobre um pequeno detalhe: Não me julguem por não gostar de escrever "ideia" no lugar de "idéia" (também gosto de auto-afirmação). Isso é um assunto para uma nova reflexão, mas por enquanto a palavra só saiu assim. A idéia do post que você acabou de ler não sofreu  qualquer mudança por conta disso.