Na Suécia, foi criado um pronome de gênero neutro, “hen”. Com hen, você pode se referir a uma pessoa
sem que seja determinado seu gênero. A Suécia apresenta situação melhor quando
pensamos em igualdade de gênero do que o Brasil (tá, muito melhor mesmo, no
caso), por exemplo, com proporções mais altas de empregabilidade e educação feminina.
Só que o objetivo do hen não é apenas
manter a igualdade e sim criar neutralidade, ou seja, acabar por não mais
distinguir os papéis masculinos e femininos na sociedade. Com a palavra neutra,
é mais fácil que a situação na realidade também seja neutra. Leia algumas
considerações sobre o hen aqui.
Aliás, se achar interessante, também leia sobre o teste de Bechdel para filmes. Para ser aprovado na classificação
Bechdel, um filme deve mostrar duas personagens femininas com nomes conversando
entre si sobre um assunto que não seja homens. Por incrível que pareça, é mais
difícil de achar filmes que passam no teste do que poderíamos pensar.
(Imagem: Sapato Bege)
A linguagem molda nossa forma de pensar. Dependendo dos conteúdos a que
somos expostos e da maneira que esses conteúdos são expostos, construímos nossa
visão de mundo. Acredito que nascemos com algumas propensões a gostos e traços
de personalidade, mas a repetição de expectativas e ensinamentos a todo o tempo
acaba determinando a maneira com que essa propensão se desenvolve. É
interessante o pronome neutro, pois ele proporciona outras possibilidades de
visão de mundo, de pensamento.
Uma nova palavra demonstra novas possibilidades. E assim como a linguagem pode nos trazer novas possibilidades, também
percebemos a limitação ou direcionamento de pensamentos e comportamentos pela
forma que a comunicação a que somos expostos propositalmente é construída. É
como a novílingua em 1984, de George Orwell, que foi criada como instrumento de
dominação do pensamento. Veja mais sobre a novílingua aqui. Em 1984, a
forma com a qual Orwell coloca a linguagem como aparato capaz de direcionar e
moldar nossos pensamentos é maravilhosa. Se não existe algo que simbolize o que
pensamos, como podemos pensar esse algo? Pois é, não é só no livro que é assim.
Aliás, o livro não é só um livro, não é mesmo?
Enfim, tais exemplos e outros de nosso cotidiano nos fazem perceber
quão maravilhosa e a linguagem e quão importante é a comunicação. Devemos
compreender a linguagem para que enriqueçamos nossa visão de mundo e para que
aumentemos as possibilidades de desenvolvimento de nossos pensamentos e,
consequentemente, de desenvolvimento de nossas próprias vidas.
(Imagem:
cinelogin)
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